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Foto do escritorNilberto M. Amorim

‘A princesa e o sapo’, uma advertência aos pais

Frog Prince Concept

A Princesa e o sapo (Ron Clements/John Musker, Walt Disney, EUA, 97 minutos, 2009) é produção cinematográfica — em animação — que se deixa classificar no gênero conto de fadas, universo de onde os estúdios de Walt Disney extraem material — costumeiramente fazem isso — para realização da obra. O referido universo, decerto, tem rendido sucesso e dividendos, o que em boa parte talvez se explique pelo gosto que é próprio ao tipo de público preferencial de Disney — o infantil.

Conto de fadas: o que é isso? Trata-se de um campo em que, de imediato, identificam-se certas funções ou elementos característicos, sendo um deles a dissolução da lógica, das convenções, ou das leis da vida real. É o reino do “era uma vez”, do “faz de conta” e do “irreal-mágico-afetivo”, cuja estrutura se define pelo senso do fantástico, do maravilhoso e do mágico e que possibilita a dissolução de fronteiras entre os seres naturais e os sobrenaturais, assim como a experiência de “viagem” para mundos extrassensíveis, por assim dizer. Por conseguinte, trata-se de um contexto em que o self de uma pessoa — aquilo que faz dela um ser humano — ou mesmo a essência de um ente, pode se metamorfosear, segundo um princípio de que tudo pode se transformar, magicamente, em qualquer coisa.

É esse o caso de A princesa e o sapo. Conta a história de Tiana, moça pobre, afrodescendente, trabalhadora, idealista, e também a do herói Naveen, o príncipe, que é rico, boa-vida e “boa pinta”, muito cobiçado pelas garotas, principalmente por Charlote — menina rica, bonita, mas superficial, “chata”, mimada. Logo no começo do filme, cenas mostram as garotas Tiana e Charlote dialogando. Esta última fazendo preces a uma estrela (cujo nome é Evangelina!) e ficando patente a distância étnico-social entre ambas (a ambientação é New Orleans, Sul dos EUA!), assim como entre os respectivos desejos e planos de futuro. Veja-se que, no contexto de um filme com personagens talhadas nesses moldes, o mais “natural”, ou mais paradigmático, seria o enredo ser conduzido a um “final feliz” entre o príncipe e a jovem loira.

Elegant woman puckering up for frog while laying in grass

Mas não é isso que acontece. Em uma muito aguardada festa de máscaras, tudo parecia favorecer Charlote na concretização do sonho pedido à estrela — o casamento com Naveen, enquanto ia à ruína o sonho de Tiana, pelo qual tanto lutara, o de estabelecer um restaurante próprio na cidade. Acontece que à festa comparece também o Dr. Facilier, figura sinistra, mandingueiro, praticante de voodoo (magia negra) com o objetivo de pôr em ação um plano deveras malévolo: apossar-se do dinheiro da família de Naveen. E vai logo cuidando de mobilizar “os amigos que tem do outro lado”, conforme canta, para alcançar o que mais ama: dinheiro. “O verdadeiro poder não está na magia, está no dinheiro”, é o seu mote. O “voodoozeiro” transforma Naveen em um sapo, e somente o beijo de uma garota poderia tirá-lo dessa situação. Numa noite, sob o clarão da lua e da estrela Evangelina, Tiana se amargura com seu insucesso e decide pedir à estrela a concretização do sonho. Pedido feito, pedido atendido: Naveen surge imediatamente à sua frente em forma de sapo, que, “bom cantador” ou “ bom chavequeiro” que sempre foi, convence Tiana a beijá-lo. Mas, além de ele não recobrar o estado de “gente”, Tiana, instantaneamente, também se transforma num batráquio. Tem início, então, uma terrível perseguição dos “agentes” de Facilier, ou por outra, uma série de aventuras e peripécias vividas pelo casal de sapos; isso nos charcos, pântanos e florestas fora da cidade. O encantamento só termina por ação de Mama Odie, realeza suprema do mundo da feitiçaria dos pântanos e florestas e detentora do poder de desfazer as artes negras de Facilier. O beijo apaixonado ocorrerá, trazendo-os de volta ao mundo dos humanos, e o final feliz também ocorrerá, só que entre o príncipe Naveen e a improvável Tiana, que doravante será princesa.

misty, romantic forest landscape

Forças ocultas

“A Princesa e o Sapo” não é entretenimento inocente sob o ponto de vista espiritual — e aqui reside a causa da legítima reação por parte de inúmeros cristãos. O esquema de “bem” e de “mal”, marca infalível do conto de fadas, praticamente deixa de existir no filme (pelo menos quanto à sua origem última); o bem e o mal se embaralham no enredo e tudo fica resolvido mediante a ação das forças ocultas. Chega a ser insultante e diabólico o modo como o filme lida com essa questão. Personagens centrais mexem com os poderes “do outro lado” — poderes das trevas, bem entendido — de um modo tão natural, tão pacífico, que causa indignação e — pior — indução aos espectadores a considerar dessa forma o bem e o mal, postura que conflita totalmente com o que aprendemos em nossos estudos bíblicos e pregações pastorais. A isso soma-se o fato de que, em nenhum momento, o nome de Deus é citado, nem sequer aludido. Muito pelo contrário: personagens, com necessidades ou desejos, recorrem a uma estrela para fazer seus pedidos. Tudo se passa como se a linha divisória entre o criador e a criatura, ou entre os poderes da luz e os das trevas, houvesse se apagado.

Evidencia-se que criança não achará no filme influxos de conteúdos saudáveis à sua educação cristã; alertando-se aos pais para acompanhá-la e monitorá-la, de modo a garantir-lhe a interpretação cabível, segundo os parâmetros da Palavra de Deus, que nos adverte: “Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu deus os lança fora de diante de ti.” (Dt18.10-12). E o Novo Testamento corrobora, revelando o verdadeiro destino daqueles que praticam bruxarias de todas as ordens: “Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.” (Ap. 21.8). Por tudo isso, o melhor mesmo é não levar os filhos a assistir ao filme, a fim de que eles não internalizem aquelas influências tão ruins, as quais, certamente, demandarão depois da parte dos pais esforço não pequeno para eliminar-lhes das consciências. Eis nossa recomendação

Nilberto de Matos Amorim

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